Ter ido a Copacabana durante a Copa ficou bem mais divertido depois que assisti à gravação dos "yellow blocs". Havia um samba argentino, uma embriaguez holandesa, uma comemoração mexicana, um grito chileno, uma confiança costarriquenha e, diante disso tudo, afirmo aos simpatizantes do vídeo que vale muito a pena correr o risco de tomar uma faca no baço. A única coisa que me incomodou no dia em que eu estava na praia carioca, aliás, foi ver a boa atuação do Ochoa, que deixou nossa Seleção no zero a zero.
Na última partida do Brasil, contra Camarões, peguei carona no samba do Originais e fui parar no Renascença, o doce refúgio que me foi apresentado por um professor de geografia em 2010 e que desde então frequento. A melhor roda do Rio de Janeiro, comandada por Moacyr Luz, tem um dom incrível de alegria. Vejam vocês que, como cantou Noel Rosa, ninguém aprende samba no colégio, mas, às vezes, pode ser ele que ensine a gente a ir ao samba. Coisas nossas.
Antes de o jogo começar, apostei que Fred faria um gol porque me distancio do clubismo que ataca mais do que critica e preenchi a agonia que antecede o apito do juiz com o pandeiro, o ganzá e o tamborim. Saudades da Guanabara. Ligação e recordação recordando essa cor de coração pra dizer, mais uma vez, que o meu peito é uma lona armada. Cerveja gelada, barulho de vuvuzela, silêncio e Hino Nacional (com emoção, Zico...) cantado. O placar de 4x1 pro Brasil rendeu abraço, vibração e mais cavaquinho. Chorei Élton Medeiros, sorri João Nogueira, cantei Candeia e sussurrei Cartola. Ele é a corda e eu sou a caçamba.
Mas vamos aos fatos futuros: enfrentaremos o incansável time de Sánchez e Vidal e eu recorro ao Nelson Rodrigues de 1962 pra dizer que "tudo no jogo de amanhã justifica uma tensão intolerável". Qualquer erro nosso será trágico e o mais ínfimo acerto adversário será uma lástima para os brasileiros de bom caráter. Porém, enquanto o sábado não chega, aproveitemos – embora não sem lamentar – este difícil dia sem Copa do Mundo, imersos na ansiedade do imprevisível futebol.
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