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| A persistência da memória, Salvador Dalí |
O amor que não vivi mostrava carinho,
Me fazia versos sem exigir resposta,
Me espreitava e oferecia seu ninho...
Mas eu, indisposta, fazia outro caminho.
O amor que não vivi olhava o relógio
Sempre à meia noite de um novo janeiro.
Enquanto eu insistia em não ver o óbvio,
O telefone tocava ao andar o ponteiro.
O amor que não vivi me deu um presente.
Sem um porquê me trouxe de repente
As músicas que poderiam me alertar:
Não precisa doer pra amar.
O amor que não vivi foi insistente,
Mas eu, menina, não ligava pro possível.
Imersa numa imaginação entorpecente,
Só me interessava decifrar o ilegível.
O amor que não vivi esteve a meu lado
Mesmo sabendo que eu era distraída.
Hoje, vendo tudo isso já terminado,
Penso no que poderia ter sido a vida.
O amor que não vivi não era fantasia:
Se ao nosso tempo eu buscasse retornar,
Veria que a vida realmente valia
O sorriso que ele tinha pra me dar.

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