sexta-feira, 21 de junho de 2019

180 anos de Machado


Não lembro a primeira vez que li Machado de Assis. Acho, porém, que foi com Missa do Galo, no Colégio Pedro II. As experiências iniciais não foram as melhores, embora eu olhasse pros seus livros com alguma simpatia. E pouquíssima disposição, confesso. Só que mais pro fim do Ensino Médio eu decidi ler Machado com maior disposição, aproveitando o embalo de ter acompanhado a minissérie "Capitu", que me aproximou mais de Dom Casmurro.

Quando entrei na Letras, na UFRJ, eu já sabia que me dedicaria a estudar Machado. Ao longo de todo tempo que fiquei na faculdade, fiz três cursos sobre o autor: um como ouvinte no início da graduação, depois sem ser apenas ouvinte e outro no mestrado, todos ministrados pelo professor Ronaldes de Melo e Souza. Minha monografia foi sobre teorias na crônica machadiana; minha dissertação, sobre a escrita literária também na crônica machadiana. Percebi que Ressurreição era meu livro preferido dele, depois me apaixonei por Esaú e Jacó e hoje em dia não sei qual acho melhor.

Há dois anos terminei o mestrado. No final de 2016, fui premiada na Academia Carioca de Letras pelo melhor ensaio sobre a obra de Machado. No ano passado, fui convidada para falar, também na Academia Carioca de Letras, sobre a minha dissertação. Aprendi muito com o aniversariante de hoje, sigo aprendendo e sei que posso aprender muito mais. Minha relação com a literatura, sobretudo a brasileira, é como a que tenho com o samba e o carnaval: não vivo sem. E Machado tem uma participação fundamental nisso - na minha formação, na minha visão de mundo, no meu modo de encarar os contrários que se harmonizam no ser humano.

Obrigada, Bruxo. Agora, cento e oitenta anos depois, você enfim tem este retrato que te representa fielmente: negro, carioca, brasileiro, o escritor mais incrível deste país.

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