Estudei em instituição pública federal de 2004 a 2017. Passei para o Pedro II muito mais porque meus pais mesmo com dificuldade me proporcionaram tudo o que eu precisava e muito menos por mérito próprio. Ter uma estrutura familiar, claro, foi parte significativa do processo (lembrando que essa estrutura significa afeto, e não modelo tradicional de família). Entrei enfim no Pedro II, de onde saí em 2010, após completar o Ensino Médio.
O colégio que vira e mexe é atacado por ignorantes que dizem ser ali um antro de esquerdistas me deu a base para eu ter uma visão igualitária, humana e democrática do mundo. Depois entrei na UFRJ pelo ENEM, por meio de ação afirmativa que o colégio público possibilitava. Lá fiz a graduação (2014) e o mestrado (2017) em Letras, tendo me especializado em Literatura Brasileira. No dia da minha formatura, meus pais, que não tiveram a mesma oportunidade e vibravam de felicidade por eu ter tido, eram só choro. E eu, olhando para eles, também.
Em todos esses anos de colégio e faculdade tive um ensino público de excelência, de comprometimento e qualidade. Durante esse tempo vi que o estudo e a pesquisa são para todos, e que os que são previamente julgados como incapazes são competentes demais, para o pavor de uma sociedade racista e classista. Tenho um compromisso sério com a Educação até o fim da vida, não só por ser professora, mas por acreditar no ensino público, gratuito e de qualidade. E por acreditar, sobretudo, que esse é o único caminho para avançarmos positivamente.
A sala de aula é espaço de troca, diálogo e alteridade. A Educação, ao contrário do que dizem por aí, não deve ser privilégio de uma elite brasileira. Se quiserem que seja dessa forma, continuaremos lutando, enfrentando e educando. Sempre.

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