domingo, 30 de dezembro de 2018
A história de Ogum, o Prometeu africano
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
Voo
![]() |
| Paisagem de subúrbio, Di Cavalcanti |
sexta-feira, 7 de dezembro de 2018
A culpa deve ser do sol
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
Leves enganos e parecenças
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
Histórias de mulheres
terça-feira, 20 de novembro de 2018
Sejamos todos feministas
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Como será o amanhã?
sábado, 13 de janeiro de 2018
Esperança verde e rosa
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Confuso casarão
Show em homenagem a Wilson das Neves: enquanto o palco se reveste do
verde imperial, Chico põe o chapéu para reverenciar o amigo, cantando “Grande
Hotel” em seguida. E o público, que já sentia prazer em falar de sentimentos de
outrora, se emociona sabendo que a hora do imperiano que nos deixou no ano
passado não passa.
Em caravana de Madureira à Mangueira, Chico quis
ouvir a batucada da derradeira estação. Neste Rio de ladeira e encruzilhada, o
verde e rosa do palco me levou a 1998, quando a Sapucaí viu a vitória da escola
com o enredo “Chico Buarque da Mangueira”. A comissão de frente que invadiu a
memória com a ópera dos malandros fez Chico cantar um samba em homenagem à nata
da malandragem, pisando nos corações de quem estava na plateia. Naturalmente pisou
no meu, recordando que “As Vitrines” era a minha preferida, quando descobri os
versos “Catando a poesia/ Que entornas no chão” na mesma época em que eu descobria
o que era aquela coisa estranha de se encantar por alguém.
E encantamento foi o que não faltou na estreia da turnê
no Vivo Rio, espaço que se transformou por algumas horas no confuso casarão
onde os sonhos são reais e a vida não. Saudamos então o futebol, a filosofia de
botequim, o jogar bonito e o não ganhar no grito, vendo o próprio tempo num relance,
como se fosse a vida um jogo de bola no qual dedicamos o gol, traduzido aqui por
qualquer realização que nos move, para quem será o nosso amor, para quem será a
nossa paz.
Ainda que provem o contrário, Chico Buarque acalma: “Não se afobe, não/
Que nada é pra já”. Olho para ele cantando ali no palco, tão perto de mim,
ainda sem saber que nossas mãos se tocariam no final do show, e penso que a
gente acredita em Chico, nisso que ele nos diz em “Futuros Amantes”, como quem
acredita mesmo no amor: já conhecendo os passos da estrada, colecionando
retratos, procurando o desconsolo e voltando sempre a se enfeitiçar. Nesse
retrato em branco em preto, o maestro soberano também foi lembrado numa
apresentação comovente, tamanho o talento de quem já vai na estrada há muitos
anos, um artista brasileiro.
Mas Chico não só acalma, também desconcerta e faz críticas num dia de real grandeza, tudo azul. Reiterando que há lugares cariocas para onde Jesus está de costas, as notícias de uma cidade imersa no preconceito são resumidas no trecho mais espetacular – e doloroso – do disco recentemente lançado: “Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria/ Filha do medo, a raiva é mãe da covardia”. Em busca de uma sociedade em que esse grito não seja engrossado para que a covardia não nasça, o público aplaudiu o cantor, endossou o “Fora, Temer” e emendou um “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”. Ou doida era eu que escutava vozes.






/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/U/2/kt1IETTSCQuyNLgeRWMg/frisaliesa.jpg)

/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/D/p/4NwhToQJqlfPsYs3PjSA/caravanasleoaversadivulgacao.jpg)