Assisti anteontem ao Roda Viva que foi ao ar na segunda com Leandro Karnal. Confesso que fazia tempo que eu não via o programa, mas valeu a pena dedicar uma hora e meia do dia a ouvir o historiador. Sobretudo porque me fez lembrar meus últimos anos no Pedro II.
Foi no final do ensino médio que me dei conta da formação humana e política que havia adquirido no colégio. Campanhas, plenárias, greves, passeatas e aulas com reflexão, com diálogo, com apresentação de ideias. Nossa visão de mundo depende não só de nosso próprio ponto de vista, até porque, segundo Leonardo Boff em seu livro A águia e a galinha, “todo ponto de vista é a vista de um ponto”.
Eu recordei tudo isso quando Karnal afirmou que “o Escola Sem Partido é uma asneira sem tamanho, é uma bobagem conservadora, é coisa de gente que não é formada na área”. Os diálogos que presenciei no Pedro II e o posicionamento crítico de professores e alunos são fatores que, sem dúvida, precisam fazer parte da educação e da formação escolar dos discentes.
A subversão acontece a partir de reflexão, de conscientização. E nada tem a ver com imposição de ideologia, uma vez que ocorre justamente pra resistir à ordem silenciosa que foge de diálogo.
“Precisamos construir a luta contra o preconceito, contra a misoginia, contra a violência contra as mulheres, contra a violência do racismo”, comentou o historiador. Uma escola que não toma partido é omissa e não se compromete com essa luta.
Recentemente, estudantes do Colégio Pedro II de São Cristóvão fizeram uma intervenção em favor da diversidade. No momento em que lidamos com a tristeza de saber que o aluno Diego Vieira Machado da UFRJ vinha recebendo ameaças por ser gay e foi encontrado morto na universidade, iniciativas como a desses estudantes é um alento para permanecer resistindo e construindo a luta de que falou Leandro Karnal.
Em um mundo com tanto discurso de ódio, não se pode negligenciar uma educação que preze pela empatia.
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