sábado, 18 de junho de 2011

Candeia, a voz do partido alto


 “Samba é verdade do povo,
ninguém vai deturpar seu valor”
(Candeia)

Nascido em Oswaldo Cruz, desde pequeno acostumou-se a freqüentar as rodas de samba que seu pai organizava com muita cerveja e feijoada. Grande mestre do partido-alto e cultor desse ritmo que alegra as rodas de samba, Candeia também foi o responsável pelo samba de enredo que deu à Portela, pela primeira vez, nota máxima em todos os quesitos carnavalescos. Fazia parte da ala dos compositores da agremiação desde os 17 anos e, além desse samba memorável, ainda compôs outros para a Portela, a maioria em parceria com Valdir 59.

O sambista, que era um policial violento e respeitado, acabou tendo de superar um triste episódio causado por uma briga no trânsito. Um dos tiros que levou, por ter atirado nas rodas do caminhão que bateu em seu carro, deixou-o paralítico. No entanto, depois de muito sofrimento, Candeia voltou a abraçar o samba – a música De qualquer maneira marca seu retorno -, posicionando-se sempre em favor das raízes afro-brasileiras e exercendo uma militância a respeito das escolas de samba.

Isso fez com que ele fundasse o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, buscando preservar as tradições culturais e destacar a importância do negro na formação da cultura brasileira. Também escreveu, juntamente com Isnard, o livro Escola de samba – A árvore que esqueceu a raiz, em que protesta as interferências externas as quais as escolas de samba são submetidas.

O curta-metragem Partido Alto, de Leon Hirszman, retrata o valor do samba tão presente na vida de Candeia e de tantos outros sambistas, além de ratificar que Candeia é uma representação do partido-alto, uma figura singular no cenário do samba e símbolo de nossa cultura. Vale a pena assistir ao documentário e mergulhar num ritmo tão brasileiro, feito pelo povo, característico da cultura popular e, por esse motivo, responsável pela identidade do nosso país.

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